sábado, 2 de setembro de 2017

A CUT quer ocupar as ruas

Em congresso extraordinário, a central define uma agenda de mobilização para tentar revogar a reforma trabalhista e barrar a da Previdência

Roberto Parizotti

A CUT quer ocupar as ruas

Nesta quinta-feira 31, a Central Única dos Trabalhadores encerrou um congresso extraordinário que reuniu mais de 700 delegados. O objetivo foi manter a coesão e revigorar os sindicalistas para enfrentar “golpe atrás de golpe”, conforme definição de Vagner Freitas, presidente da entidade.


Segundo ele, o movimento sindical nunca esteve com tanta “moral” para mobilizar os cidadãos. “Estamos com a faca e o queijo nas mãos para ir às bases e mostrar que tudo aquilo que dizíamos sobre o golpe deixou de ser opinião de sindicalista. Antes podiam pensar: esses caras só dizem isso pra não perderem os aliados no governo. Agora todos sentem na carne. O que era alerta virou fato”.



Freitas reconhece que a onda de manifestações, protestos, marchas e greves promovidos por movimentos sociais e algumas centrais sindicais nos últimos 18 meses não conquistaram a aderência desejada. A população, avalia, vive um misto de perplexidade e desânimo.



Ele acredita, no entanto, ter chegado o momento de o trabalhador compreender que, se não prestar atenção na política, se não se interessar pelas consequências do seu voto, e se não se organizar para se apropriar da política e dos rumos da economia, vai continuar a ser governado por quem toma decisões contra ele.



Uma das definições do congresso extraordinário foi lançar um projeto de lei de iniciativa popular para tentar revogar a reforma trabalhista. Aprovada a toque de caixa pelo Parlamento e prestes a entrar em vigor (a partir de 11 de novembro), a nova legislação, de acordo com a avaliação de organismos internacionais como a OIT e de magistrados do trabalho, conduz a relação entre patrões e empregados ao ambiente desregulado do iní­cio do século XX.



A coleta de assinaturas terá o poder ainda, acredita Freitas, de fortalecer os laços entre os sindicatos e suas bases. “Convocamos manifestações, atos públicos, duas greves gerais.



O trabalhador precisa entrar em campo, se envolver, pressionar o deputado no qual ele votou. Esse projeto de lei revogatório é um importante instrumento”.



O congresso sindical definiu ainda uma calendário de atividades para manter as ruas ocupadas. A agenda inclui uma forte participação no tradicional “Grito dos Excluídos” em 7 de setembro. Uma semana depois, haverá um dia nacional de lutas. Em 3 de outubro, aniversário da criação da Petrobras, um ato defenderá as empresas públicas ameaças de privatização.



Outra iniciativa será a popularização da frase “Se botar para votar, o Brasil vai parar”, tentativa de fazer frente à ameaça de Temer de levar adiante o projeto de reforma da Previdência. “O governo e o Congresso demonstraram inúmeras vezes que não estão nem aí para o desejo da sociedade, do povo. Temer tem a pior avaliação para um presidente da história. Se sai pior do que o general Figueiredo, aquele que dizia preferir o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo”, ressalta o presidente da CUT.


Carta Capital



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