terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Rene Carvalho: Semipresidencialismo


Amig@s:

Gostei muito do artigo do A. Singer na FSP desta sexta. Em sua opinião, a proposta de semipresidencialismo é a principal forma de o MDB permanecer no poder apesar de não ter candidato capaz de ganhar eleições, mesmo fajutas. Na verdade, mais do que o MDB, esse aglomerado meio indistinto de centrão e mdbismo que forma a atual maioria parlamentar. Em sua maioria fisiologistas e propineiros de pensamento reacionário que abraçaram a agenda mais retrógrada que o país já teve para permanecerem no poder.

De que poder se está falando: um poder desmoralizado, confrontado seguidamente pelo Judiciário e pautado pela grande mídia. Mas com alta mão sobre nomeações, recursos e mamatas, que é o que mais interessa quando se trata de reproduzir-se como maioria – as reeleições.

Acho que a proposta do semipresidencialismo tem dois lados: o tático, ligado aos conflitos entre os políticos golpistas e candidatos à presidência – Alckmin, Maia, Meirelles, etc. – que se propõem se eleitos, capturar a seu jeito essa massa amorfa que compõe/comporá a maioria da Câmara. Ou seja, terem alta mão sobre o espólio do aparelho de estado. Sem candidato presidencial viável o MDB só pode apostar no semipresidencialismo para manter seu atual nível de controle sobre as benesses públicas.

Trata-se, nesse plano, de uma briga entre gangues golpistas. Mas o semipresidencialismo tem um lado estratégico que nos interessa mais diretamente: é um golpe montado contra uma possível eleição de candidatos que não representam esse pântano majoritário na Câmara, como Ciro, Marina ou Haddad. A estratégia golpista é muito clara: fraudar as eleições impedindo a candidatura de Lula. Se não for suficiente, mesmo que a eleita seja Marina, que no fundo comunga com a agenda reacionária em curso, o semi-presidencialismo seria acionado,

Ou seja: fraudar as eleições e ter o semipresidencialismo em reserva é a agenda antidemocrática da continuidade do golpe. Dentro dela, movimentam-se diferentes grupos políticos golpistas interessados essencialmente em ter para si uma parte maior do bolo do espólio público.

Mais uma vez: a reprodução de uma maioria parlamentar fisiológica e propineira é junto com o aparelhamento político da promotoria e do judiciário e o monopólio da mídia a grande chave de permanência da agenda da contrarreforma. São objetivos difíceis e que podem não ser obtidos num mesmo ciclo. Mas reforma política, do judiciário e da mídia vão se tornando condição necessárias ao funcionamento democrático e ao respeito ao que pensa a população.

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